Dia 97 - O primeiro dia sem o Lolo

Hoje, como vocês podem imaginar, não está sendo um dia muito fácil. Por mais que todo mundo já soubesse que o Lolo estava velhinho e que uma hora isso ia acontecer, eu não queria acreditar que a hora chegou. 

A pior parte foi vê-lo deitado, sem querer se mexer nem mesmo pra comer ou beber água - e se tem uma coisa na vida que não é normal é um beagle sem fome. Fora isso ele estava com muita dor, as vezes parecia que estava até alucinando, latindo pro nada. O Lô também já tinha um tumor e estava vomitando sangue e com diarréia. Então levamos para o veterinário, que recomendou a eutanásia. Não foi a primeira vez que acontecia comigo, sei que tem alguns au-aus me esperando lá no céu dos cachorros. Mas com certeza não foi fácil - e por um lado eu só queria que acabasse logo pra que ele não sofresse mais. 

Eu sei que é egoísta falar que não queria que ele fosse, ainda mais com esse quadro, mas de verdade acho que eu só queria que todos os cachorros não ficassem velhos - e aliás nem a gente - e que a gente pudesse passar o resto da eternidade brincando e sendo feliz. Talvez o céu seja assim, aliás, eu espero que seja. Quando chegar a minha hora eu descubro.

O meu maior medo era que acontecesse alguma coisa com ele enquanto estava no intercâmbio ou na faculdade (em outra cidade) e não tivesse a oportunidade de dar tchau, mas tive sorte de poder agradecê-lo por todos os 15 anos de amizade e dizer que daqui a pouco nada mais ia doer, ah, e claro, falar que ele ia ter que esperar um pouquinho, mas a gente ia se encontrar depois. 

Apesar de toda a tristeza, achei que não podia parar. Fui pra academia, pra piscina, fiquei nadando, tentando colocar as coisas em ordem na cabeça. De verdade, não sei se consegui, mas foi melhor do que passar o dia todo em casa chorando. 

Acho que com o tempo as coisas ficam mais tranquilas, mas a gente nunca pode parar.